quinta-feira, 25 de junho de 2009

Carta ao Tim

Já te encontrei de saída,
dando entrada em minha vida, despedida.
Quanta intensidade...
Maturidade de moleque inconseqüente.
E tanta gente diferente
unida em torno de ti.

Te tenho em melodia,
letra, música e energia.
Entusiasmo irracional,
que vem de passional inspiração.
E nunca são...
Mas sempre embriagado de sentimentos.
Tão comum e tão distinto, você pode ser.

Altos tons e timbres graves,
iluminados por longas claves
de sol, de mar, de lua.
Estrela de peso num céu abarrotado.
Admirado.
E tanta gente diferente
unida em torno de Tim.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

O HOMEM NU

O homem nu, diante do que mostrava, se intimidou de enxergar o que aos seus olhos saltava. Embaraçado, escondeu-se debaixo de suas mãos.
O homem nu despudorou-se, mas por dentro ainda julga. Despido, continua vestido de preconceitos e idéias pré-concebidas, e vê no outro o que ainda não vê em si.
O homem nu finge. Finge tão bem que chega a se tapear. Simula. Engana.

O homem nu ainda não sabe como se desnudar.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

E mesmo lá, ainda sou eu. (Para Carina)

Vontade de partir... Privar-me da rotina dos dias que me seguem para cair de cabeça em um mar de novidades. Enrolar a língua para dizer ‘bom dia’, enquanto os pés descalços tocam o chão novo, e trilham, sem rumo, um caminho incomum. Correr e perceber que não estou mais no mesmo lugar. Abraçar meus pensamentos, e fugir com eles.
Vontade de voar... Esquecer que a liberdade deve, aos poucos, ser conquistada, e conquistá-la toda de uma vez. Perder-me em meio ao que não conheço, para me conhecer mais. Estar longe de tudo, mas mais perto de mim. Mergulhar para dentro, numa viagem que só serei capaz de fazer sozinha.
Vontade de inovar... Desvendar os mistérios do que para mim é obscuro, me inserindo em lugares proibidos, distribuindo sorrisos a estranhos, e descobrindo mais a cada dia. Reinventar o desconhecido a cada abrir de olhos, me alimentando de novidades, e crescendo com elas.
Vontade de sumir... Desvincular-me dos problemas atuais, e criar novos onde eu não saiba o que é certo. Começar do zero em um lugar completamente novo, aprendendo novamente a andar, a ouvir, a falar. Permitir-me reaprender. Fugir da realidade, arquitetando o sonho a cada instante. Submergir num mundo de idéias, e construir, com elas, uma nova história.
Vontade de ter... Gerar novas histórias, me perder e me achar. Ser feliz comigo, para depois ser feliz com o outro. Andar sem direção, sentindo o comando que o coração envia. Ouvir a voz do coração. Sentir a voz do coração. Aguçar minha sensibilidade, e aprender a pensar através do que se sente.
Vontade de querer... Acreditar que as mudanças são sempre positivas, mas que elas devem acontecer de dentro pra fora. Ter certeza de que não basta querer, é preciso viver cada vontade, com força. E tendo sempre consciência de que os sonhos são positivos, mas não podem ser capazes de tirar o nosso chão.
Vontade de viver... Admitir que nada sei, e que o outro pode me ensinar, mesmo que com um simples aceno. Aprender que a idade conserva muitas histórias, mas que o amanhã está longe demais pra ser vivido hoje. Tomar conhecimento de que o passado guarda lembranças, e que as lembranças são a força, e não o impulso. Acreditar que o auto-conhecimento é a melhor forma de tentar conhecer o outro.
Vontade de crer... Ter fé para confiar que nunca estou sozinha, independente do que eu sinta. Acreditar que uma força maior guia meus passos e me permite escolher. Acreditar que o tempo é o senhor de tudo, mas que são essas escolhas que definem a qualidade dele em minha vida. Identificar cada dor como uma dádiva, cada erro como uma benção e cada dúvida como um degrau na escada do conhecimento.
Vontade de ser... Encontrar-me em cada gesto, e aprender a ser eu mesma. Apesar de tanta diferença, me conhecer e me desvendar onde quer que eu esteja. Nutrir minha bagagem de experiências, mas ser sempre Carina, me conhecendo, me respeitando, e acima de tudo, me amando, continuamente mais.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

É

Reunião secreta em cada esquina
Brasileira, inglesa, marroquina
Esfiha de carne, queijo parece
O sol à chuva pouco apetece
Todo diferente é tão igual

Se é tarde, cedo acorda
O cego vê, o mudo aborda
Noite vira, o dia passa
Atento esforço aqui fracassa
E constrange o combatente

Rima falsa está sem meta
Palavra curva em linha reta
Poeta vadio não pensa mais
O homem vivo descansa em paz
Mas que monotonia

Pessoas ignoram sentimento
A relação perdeu o envolvimento
O que é curto comprido se mostra
Quer-se aquilo que não se gosta
Não se sabe o que é certo

O feio ficou bonito
Não escuto meu próprio grito
Tudo passa assaz depressa
O chato muito interessa
E não há tempo pra pensar

Preocupações inexistentes
Sorrisos não mostram dentes
Não há mais contato humano
Ninguém mais compõe um plano
Onde vamos parar?

Fraca força, empurra, amansa
Sem se cansar, o homem descansa
Mesmo parado, em movimento
Explode e pulsa o pensamento
Uma corrida incessante

Finda o dia, o sol se esconde
Ladrão ligeiro vira conde
Vitória achega a trapaça
Palavra dura que amordaça
E põe em prova a honestidade

Sinal vermelho não limita
A lucidez está restrita
Pensando pouco, muito eu venço
O que era pouco, está intenso
E se duvida da verdade

Realidade está confusa
Pouco se sabe, muito se usa
O que demora chega logo
Em minha mágoa eu me afogo
Me engasgo e pouco respiro

O medo agora é da claridade
Perdeu-se o foco da responsabilidade
A noção do que é certo está errada
A confiança está sendo mutilada
Cada um por si

Nossas crianças estão crescendo
Nossos valores envelhecendo
É tempo de repensar anseios
Dar razão a devaneios
Antes que o tempo necrose tudo

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Surpresa

Sempre sonhou em ganhar uma festa surpresa. Desde os 7 anos, esperava chegar em casa, no dia de seu aniversário, e encontrar amigos e família amontoados no canto da sala gritando inesperados ‘parabéns’. Com 11 anos recém completados, a perua escolar a deixou no portão do prédio e ela correu chamar o elevador para dar de cara com a tal possível festa. Especialmente neste dia de cada ano, o elevador teimava em não se apressar. Demorava longos minutos até que chegasse ao térreo. Ela não se continha. Andava de um lado a outro treinando o discurso que falaria enquanto fingia não saber de nada.
Quando já dentro do elevador, simulava diversos tipos de sorrisos e choros falsos frente ao espelho, para demonstrar toda a sua emoção. De repente um tranco, e a luz se apagou. Não via mais o seu reflexo. Na verdade não via mais nada na escuridão em que se encontrava. E nem sentia o deslocamento do elevador. Ficou presa entre o 4º e o 5º andar. Sabia disso, pois enquanto limpava a caluniosa lágrima do olho esquerdo, o reflexo da luz vermelha apontava o número 4. E foi justamente nessa hora que tudo se apagou.
‘Todos reunidos em minha sala, e eu aqui sem poder fazer nada’ – era esse o único pensamento que habitava a sua mente naquele momento. De dentro do elevador, conseguiu se comunicar com o porteiro dizendo-lhe que estava presa.
Solícito, ele se dispôs a fazer o possível para resolver esse problema. Ansiosa ela dividiu com ele a sua preocupação. Simpático, ele lhe prestou conforto.
Vinte minutos se passaram sem que nada acontecesse. Sentada em um dos quatro cantos do elevador, ela estava consumida por uma grande frustração. Um forte barulho bagunçou seus pensamentos. Ela ouviu, então, a voz de um homem dizendo que dentro de 10 minutos ela estaria fora dali. Passado o período prometido, ela realmente viu um feixe de luz dentro da escuridão. A porta se abriu, e nesse momento, o porteiro, um bombeiro e sua mãe, gritaram num largo coro ‘SURPRESA!’.
Uma lágrima de alívio e satisfação rolou no seu rosto.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Renas

Viver com os pés no chão
Não é viver sem ilusão
É sonhar sonhos possíveis
As coisas simples são incríveis

Felicidade material
É passageira e temporal
Quanto custa um sorriso?
Um abraço é o paraíso

Encare...
Sua vida é um presente
E se ela acontece agora
Por que pensar no amanhã?

Encare...
Sua vida é um presente
E se ela acontece agora
O ontem já passou

O som da brisa mansa
Risada leve de criança
Pés descalços na areia
Histórias de príncipe e sereia

Banho gelado no calor
Sorrir até a boca sentir dor
Ver a lua nascer crescente
Ter em volta gente diferente

Encare...
Sua vida é um presente
E se nada dura pra sempre
Por que pensar no amanhã?

Encare...
Sua vida é um presente
E se nada dura pra sempre
Esqueça o que passou