segunda-feira, 8 de junho de 2009

É

Reunião secreta em cada esquina
Brasileira, inglesa, marroquina
Esfiha de carne, queijo parece
O sol à chuva pouco apetece
Todo diferente é tão igual

Se é tarde, cedo acorda
O cego vê, o mudo aborda
Noite vira, o dia passa
Atento esforço aqui fracassa
E constrange o combatente

Rima falsa está sem meta
Palavra curva em linha reta
Poeta vadio não pensa mais
O homem vivo descansa em paz
Mas que monotonia

Pessoas ignoram sentimento
A relação perdeu o envolvimento
O que é curto comprido se mostra
Quer-se aquilo que não se gosta
Não se sabe o que é certo

O feio ficou bonito
Não escuto meu próprio grito
Tudo passa assaz depressa
O chato muito interessa
E não há tempo pra pensar

Preocupações inexistentes
Sorrisos não mostram dentes
Não há mais contato humano
Ninguém mais compõe um plano
Onde vamos parar?

Fraca força, empurra, amansa
Sem se cansar, o homem descansa
Mesmo parado, em movimento
Explode e pulsa o pensamento
Uma corrida incessante

Finda o dia, o sol se esconde
Ladrão ligeiro vira conde
Vitória achega a trapaça
Palavra dura que amordaça
E põe em prova a honestidade

Sinal vermelho não limita
A lucidez está restrita
Pensando pouco, muito eu venço
O que era pouco, está intenso
E se duvida da verdade

Realidade está confusa
Pouco se sabe, muito se usa
O que demora chega logo
Em minha mágoa eu me afogo
Me engasgo e pouco respiro

O medo agora é da claridade
Perdeu-se o foco da responsabilidade
A noção do que é certo está errada
A confiança está sendo mutilada
Cada um por si

Nossas crianças estão crescendo
Nossos valores envelhecendo
É tempo de repensar anseios
Dar razão a devaneios
Antes que o tempo necrose tudo

Um comentário:

deblmr disse...

Ai que lindo...amei...s2