quinta-feira, 28 de maio de 2009

O Botão Queimado

O que mais lhe chamava a atenção no elevador de seu prédio era que um dos botões, mais precisamente o do 6º andar, tinha um de seus quatro cantos queimado. Eram botões quadrados, com o numeral em metal, envoltos por um cubo de acrílico. E justamente essa parte em acrílico estava queimada. Meio escurecida, levemente derretida...
Se ela morava no prédio, então sentia que o botão também era um pouco seu, e a incomodava vê-lo queimado. Na verdade, ela procurava uma explicação para tal ato de vandalismo. Será que foi puro e simples vandalismo? Talvez tenha sido apenas um acidente. Mas quem andaria com fogo dentro do elevador? Um fumante?
Bom, ela sempre soube que era proibido fumar dentro de elevadores. Talvez por que a fumaça pudesse incomodar os outros passageiros, ou talvez pelo fato de que, caso o fumante ficasse preso por determinado motivo dentro do elevador, ele poderia vir a se sufocar pela fumaça criada por ele mesmo. Complexo. Na verdade, ela sempre pensou que o cigarro era algo bastante complexo. Do tipo de um câncer que vem em caixinha. Por que as pessoas pagavam por isso? Essa era uma discussão que ela sempre tinha com ela mesma, mas que nunca chegava a conclusão alguma. Até mesmo já tentara fumar uma ou outra vez para arriscar entender a graça deste ato, mas não obteve sucesso. Engasgada, desistiu.
Mas o botão lhe intrigava.

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